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– A CULTURA COMO O VECTOR DO DESENVOLVIMENTO DA ILHA DE SÃO VICENTE
Considerada como a capital da cultura cabo-verdiana, a ilha de São Vicente sempre foi uma incubadora cultural, importante vector de contribuição cultural do país. Além da música, São Vicente viu nascer importantes personalidades da literatura, do teatro da dança e da pintura cabo-verdiana. São Vicente é também famosa pelo seu Carnaval, pelas festividades de Fim de Ano e pelas numerosas expressões culturais que regista ao longo do ano.
Fruto da miscigenação da sua população, São Vicente desenvolveu uma cultura muito rica, feita das várias realidades culturais provenientes de outros países, que encontravam no Porto Grande um porto de abrigo.
Estilos musicais
Oriundos de São Vicente são os estilos musicais de como , Kolá Sam Jom , a Coladeira. Tendo o seu processo de formação concluído por volta dos anos cinquenta, a origem da Coladeira está envolta em várias teorias, sendo as mais prováveis as que apontam para que, durante os bailes, bastava um ligeiro sinal dos dançarinos para que os músicos apressassem o andamento das mornas, o que fazia os dançantes rodopiarem aos saltinhos, dançando a contratempo. A segunda teoria apoia-se na tese da Coladeira ter tido a sua origem em ritmos como o Kolá San Jon (de São Vicente ou Santo Antão). Há ainda uma terceira corrente, embora com menos apoiantes, que refere que a Coladeira provém das influências dos ritmos latino-americanos.
Com o Cabo Verde Show, grupo cabo-verdiano fundado em Paris, do qual faziam parte Manou Lima e Boy Gé Mendes, entre outros, a Coladeira evolui para um ritmo mais moderno, dando origem a um chamado Coladance, alegre e influenciado pela salsa nos anos 80. Os álbuns de Tito Paris (“Dança ma mi criola”), do conjunto Os Tubarões (“Porton di nos ilha”) e de Bius (“Dia e Note”), na segunda metade dos anos 1990, marcam o renascimento desse género e um regresso às origens.
Teatro e artes cénicas
Falar de teatro em São Vicente, é falar da sua Associação Artística e Cultural, a MINDELACT. Em Cabo Verde, à semelhança de outras expressões artísticas, o teatro evoluiu de forma irregular: umas vezes com períodos de forte crescimento, noutros com crises profundas, resultantes da estagnação total da sua expressividade.
A dança
Todos os homens, mulheres e crianças têm a possibilidade de perfeição física. Depende de cada um de nós alcançá-la através da compreensão e esforço pessoal».
Quem o afirmou foi Frederick Matthias Alexander, ator australiano nascido em finais do século XIX que, devido a uma laringite crónica para a qual a medicina convencional não encontrou solução, acabou por desenvolver um método de reeducação psicomotora.
O que a técnica de Alexander ou Alexander tecnhique tem haver com Mindelo ?
O primeiro contacto entre Bailarinos Mindelenses e a dança contemporânea foi através da Bailarina - Conceição Nunes, professora certificada internacionalmente pela técnica de Alexander, que conduziria a 1ª oficina em Mindelo, denominada de asas e âncoras, onde o objectivo seria transmitir a técnica de Alexander a bailarinos residentes em São Vicente. participaram nesta oficina de entre outros os bailarinos ; Marlene freitas, Marlene fortes, Ariana neves Avelino chantre.
A técnica de Alexander é um método de reeducação psicomotora que promete aumentar a liberdade de movimentos e de pensamento…
- Em 1995, Clarah Andermath dirige o projecto CV SABE (uma residência da sua companhia em Cabo Verde, criação da obra Anomalias Magnéticas, e um conjunto de actividades paralelas ligadas à formação).
Em Novembro de 1997, dá início ao projecto Uma História da Dúvida (residência prolongada em Cabo Verde(Mindelo e cidade da praia ), que incluiu acções de formação nas áreas da Música, Dança, Vídeo/Cinema e Guarda Roupa), selecção de bailarinos onde de são vicente saíram ao bailarinos Avelino Chantre e António Boris que juntamente com o nosso querido e já falecido músico Malaquias rumaram a Lisboa com a “trupe” de Clarah Andermath e o projecto contemporâneo: uma história da dúvida. A peça entre outros prémios foi galardoado em 1999 com o Prémio Almada, atribuído pelo Ministério da Cultura de Portugal e ainda eleita Espectáculo de Honra do Festival Internacional de Almada.
Os bailarinos
“Depois da música são os ritmos cabo-verdianos a conquistarem o espaço internacional. Entre os professores de Cabo Verde e os alunos portugueses, espanhoís, londrinos e chineses anulam-se as diferenças culturais e nasce a simbiose por entre os ritmos quentes”
Zé Barbosa, bailarino desde os doze anos e professor de kizomba há 15.ensina Kizomba na Passada do Norte a Sul de Portugal desde 1997. .(in sapo.pt)
Fundador do grupo de dança na associação de Cabo Verde do Seixal, foi convidado para fazer o curso das danças populares do Recife tendo no seguimento deste trabalho participado com o Ballet Popular do Recife num espectáculo no pavilhão Atlântico na gala do millenium.
A partir daí em conjunto coma bailarina Marlene fortes fundou a companhia de dança” Nos Manera” em Lisboa participando no 3º Congresso Mundial de Salsa em Portugal e em vários espectáculos no Andanças, nos Globos de Ouro de 2005 no Coliseu. Realizou também (com o grupo Sabor Latino) workshops em Portugal, Londres , paris Madrid etc.
Em 2006 foi convidado pelo Latin Quarter para participar no CD/DVD O Midjor di Kizomba que foi disco duplo de Platina em Portugal!
Avelino Chantre, bailarino há vinte anos começou a sua experiência no grupo Estrelas de Cabo Verde onde realizou um trabalho de recuperação dos ritmos tradicionais como a mazurca, o funaná e o batuque. Transmite os seus conhecimentos desde o final dos anos 90 em Portugal, Espanha, Brasil e Holanda.
“Em termos culturais, São Vicente é dinâmica. É um viveiro de criatividade e génio. Fruto das influências externas ou simplesmente pela sensibilidade das suas gentes, São Vicente é, e continuará a ser, o espelho cultural de Cabo Verde”. (in expresso das ilhas )
A Cultura “sanvicentina” como vector de desenvolvimento económico e social da ilha :
...Mário Lúcio adiantou ter tido conhecimento do "facto extraordinário" de as estatísticas das Alfândegas cabo-verdianas contemplarem já números sobre as exportações culturais. Salientando serem dados que foram "descobrindo" ao longo da elaboração do estudo,…O montante avançado por Mário Lúcio, que não inclui receitas de outros produtos culturais locais, representa 1,14% do Orçamento do Estado cabo-verdiano para 2014, já aprovado no Parlamento e no valor de 524 milhões de euros….(in expresso das ilhas )
São Vicente, é um guião para agarrar todas as oportunidades que estimulam o sector cultural e criativo. Seja como produtor de riqueza, seja como receptor da aplicação dessa riqueza, como fator relevante de uma melhor democracia, há que deixar de olhar para a cultura como algo que vem depois de se ter criado riqueza. A cultura é essencial para criação de riqueza.
Tem que haver uma sinergia cultural dentro do próprio sector cultural, para que deixe de ser um conjunto, relativamente in “satisfeitas” no seu isolamento, e se torne mais interactivo, criar espaços onde as pessoas se juntam dentro da sua diferença(dança teatro música ).Criar uma interactividade entre diferentes culturas, e torna-las melhores.
O mundo da cultura e da criatividade deve ter o seu próprio campus. É imprescindível para o ritmo e qualidade da criação, para a forma como pomos a cultura a beneficiar e a ser parte activa no progresso económico.
Citando Augusto Mateus (in sol ) .. “tem que se tirar a cultura de candidato a mecenato . A ideia dominante é que as empresas que têm muito sucesso devem dar parte dos lucros para acolher criadores o que está bem, mas é curto para o potencial da cultura e criatividade. Para ter sucesso a criar riqueza temos que incorporar mais cultura e criatividade nos nossos bens industriais…”
A cultura em São vicente é identitária deve ser utilizada como como base para soluções diferenciadas. A cultura é o elemento que impulsiona a criatividade, que não se faz em tábua rasa. Faz-se com referências históricas, patrimoniais. Há um conjunto de elementos que são culturais e não se conseguem desligar da criatividade. Temos em São vicente uma jazida de produção cultural e uma ilha desesperada à procura de crescimento económica … talvez valha a pena prestar atenção ao temos e não ao que já fomos um dia … Se o que são vicente tem para oferecer é festa e cultura que seja e preconceitos a parte peguemos no que temos de melhor para oferecer e façamos que isso seja o vector do desenvolvimento da ilha.
Turismo cultural é todo turismo no qual o principal atrativo não é a natureza, mas um aspecto da cultura humana, que pode ser história, o cotidiano, o artesanato ou qualquer dos aspectos abrangidos pelo conceito de cultura.” (BARRETO, 2007)
“Turismo cultural inclui o conhecimento dos ambientes culturais compreendendo a paisagem do lugar.” (OMT apud BARRETO, 2007)
O princípio do turismo cultural é ressaltar a cultura como atractivo. A cultura de uma sociedade é formada por influências históricas a qual passou e comportamentos adquiridos ao longo de sua formação. Constitui-se em bens materiais e imateriais, são: seus modos de viver, costumes, manifestações, danças, folguedos, estórias, crenças, monumentos, construções, as artes, a literatura, a gastronomia, entre outros. São Vicente poderia ter sido o grande beneficiário do património da nossa diva dos pés descalços, mas muito pouco foi feito em torno disso. Um grande património histórico da diva em São vicente, a e não se sabe o que fazer com ela, uma arquitectura histórica lindíssima da nossa cidade do Mindelo reflectindo as casas coloniais antigas, deixadas, ao abandono e a degradação.
Caso para se dizer mais uma vez,
CORDÁ MONTE CARA !
tags: cultura,musica, dança,literaura
REFERÊNCIAS
BARRETO, Margarita. Cultura e Turismo: Discursões Contemporânea. 1 ed. Papirus, 2007.